Comentei no penúltimo post sobre o trabalho de análise textual no qual venho trabalhando sobre Leitura e Compreensão de Charges. Também comentei:
"falo sobre o processo dessa pesquisa em outro post, já que teve muita confusão nas escolas. Obrigada aos professores pelo apoio e pela briga boa!"
A confusão aconteceu porque professores de 3 escolas envolvidas no projeto quase foram impedidas de usar essa charge, gentilmente cedida pelo @LatuffCartoons:
Depois de uma loonga reunião, na qual explicamos aos coordenadores e diretores, o porquê de se ler charges na escola, a importância de letramento midiático e informacional e toda a história da charge no Brasil, o trabalho foi realizado e está rendendo bons frutos. Mas, rendeu uma boa dor de cabeça e muita raiva, porque trabalho com charges há muitos anos e só agora, nesse desgoverno, comecei a ter problemas.
Essa semana, uma escola em Brasília também teve censurado o trabalho com charges. O caso repercutiu e, por sorte da escola, a diretora não aceitou as imposições que seriam feitas ao trabalho dos professores e alunos. A reportagem da TV mostra a repercussão.
O artista, que teve suas charges censuradas, fez um pronunciamento com o qual concordo plenamente.
O vídeo está disponível na página do autor.
Por que concordo com o Chargista?
Desde 1989, quando as primeiras conexões on-line começaram a se difundir no Brasil, a preocupação com a educação midiática vem desafiando pesquisadores. Nesse mesmo ano o MEC (no tempo em que tínhamos MEC, né?) lançou dois livros que foram enviados para as escolas e consegui os meus exemplares fazendo uma solicitação na secretaria de educação a distância, na época:
Já na introdução os livros informam: "Aqui se analisa a imagem no cotidiano...partindo-se do pressuposto de que o olhar se educa, se cultiva, percebendo significados e construindo relações".
A UNESCO também lançou, em 2016 o Guia de Alfabetização Midiática e Informacional, que tem como diretriz, a recomendação de políticas educacionais relacionadas aos diferentes tipos de mídias e recomenda:
“Sem políticas e estratégias da
Alfabetização Midiática Informacional, provavelmente, aumentarão
as disparidades entre os que
têm e os que não têm acesso
à informação e às mídias, e
entre os que exercem ou não a
liberdade de expressão. Outras
disparidades surgirão entre os
que são e os que não são capazes
de encontrar, analisar e avaliar de
maneira crítica, além de aplicar a
informação e o conteúdo midiático
na tomada de decisão”
O documento pode ser lido e baixado nesse link.
Lógico, que a charge, o cartoon, os quadrinhos e todas as artes visuais, além dos textos informativos, se encaixam aí.
E o Twitter, em convênio com a OEA, também em 2016, desenvolveu uma cartilha para educadores usarem a rede social de forma segura com seus alunos, para promover a alfabetização digital para todos, que está disponível aqui.
Aqui tem um vídeo em espanhol que também trata da alfabetização digital.
E pra quem acha que não vale a pena trabalhar com charges na escola, deixo aqui um trabalho feito em 93.
O texto acima foi produzido por uma aluna do 4° ano, de zona rural, a partir da leitura da charge do Bello. Com certeza, essa menina hoje é uma cidadã bem mais consciente. Tem informações sobre o Bello, aqui, um cara genial que nos deixou cedo demais.
Tentei trazer nesse post um pouco de contribuição para brigarmos pelo uso de diferentes textos na sala de aula. Tomara que seja útil a vocês.
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