Livro aberto
Alunos que leem mais e de modo diversificado na internet têm desempenho melhor em leitura
Alunos que leem mais e de modo diversificado na internet têm desempenho melhor em leitura
Erika Garrido/Folhapress |
FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
Atenção pais e professores: a internet ajuda a melhorar o desempenho em leitura. A conclusão é do Pisa, exame internacional que avalia as habilidades em leitura, matemática e ciências de estudantes na faixa dos 15 anos.
É claro que o estudo não se refere às fofocas no Facebook nem aos jogos na rede. Mas atividades como ler e-mails e notícias, participar de grupos de discussão, usar dicionários e fazer pesquisas são citadas como benéficas.
Luciana Allan, superintendente do Instituto Crescer, lembra características da internet que fazem a diferença. "Ter acesso a informações de diferentes fontes, poder comparar ideias e interagir em uma discussão faz com que você tenha uma maior apropriação da informação e seja um leitor mais crítico."
O Pisa, que é organizado pela OCDE (países desenvolvidos), comparou o desempenho em leitura dos alunos que leem menos on-line com os que leem mais (e leem material variado) e concluiu que o hábito de ler na internet explica 8% do aumento da nota dos alunos brasileiros. Na média dos países da OCDE, esse valor é de 3%.
"Provavelmente, isso acontece porque, nos países da OCDE, o acesso à leitura por diferentes meios é muito fácil e intenso. Portanto, ler na internet não faz diferença", diz Betina von Staa, coordenadora de pesquisas da Positivo Informática.
"No Brasil, para muitos jovens, essa deve ser a única fonte de leitura ou, pelo menos, de leitura prazerosa -e o acesso à internet acaba melhorando as habilidades de leitura como um todo."
Simone André, do Instituto Ayrton Senna, diz acreditar que, na rede, como o aluno tem uma finalidade definida para sua leitura, isso facilita a compreensão.
Já Cláudio Baron, professor do Franscarmo (zona leste), pensa diferente. Para ele, a internet melhora a velocidade da leitura, mas não a interpretação. Outra desvantagem, diz Adriano Silva dos Santos, professor do Santa Maria (zona sul), são as distrações. "As janelinhas do MSN ou do e-mail que chegou vão tirando a atenção."
A maioria dos educadores ouvidos, no entanto, é favorável ao uso da tecnologia. "Sempre combati a visão de que a internet empobrece a leitura", diz José Ruy Lozano, coordenador de português do Santo Américo e do Augusto Laranja (zona sul).
VIDEOAULAS
Professor da Castanheiras (Grande SP), Luis Henrique Junqueira achou um modo de usar a tecnologia para estimular a produção de textos.
Cada aluno do 6º ano produziu um livro. Os capítulos foram corrigidos em videoaulas, enviadas por e-mail ou salvas em pen drive. Junqueira gravava explicações de como melhorar cada trecho. Ao mesmo tempo em que ouvia a voz do professor, o aluno via na tela as marcações feitas no texto.
"Cada aluno tem seu ritmo. Com a videoaula, ele pode ouvir e ler de novo."
No caso de Cristiana Lembo, 17, a internet foi o ponto de partida para que ela publicasse, aos 16 anos, o livro "A Última Lágrima". Aos 13, a estudante começou a escrever em um site sobre o bruxinho Harry Potter. Suas histórias chegaram a ter 2.000 leitores. "O apoio que recebi na internet me deu confiança."
frase
"Nem precisaria haver uma pesquisa para mostrar isso. Na internet, os alunos aprendem para que serve escrever"
LUCA RISCHBIETER
consultor de tecnologia educacional da Positivo Informática
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